Quando vamos trabalhar com o registro de imagens, seja em meio analógico ou digital, nos deparamos muitas vezes com conceitos e termos técnicos que, se entendidos corretamente, nos ajudariam a lidar com mais desenvoltura no processo como um todo. Este. é o objetivo deste pequeno glossário.
Abertura
- a quantidade de luz que atinge o filme ou CCD/CMOS depende de dois fatores: o diâmetro da lente (quanto maior, mais luz) e sua distância focal (quanto maior, menos luz). Em relação à distância focal, possuem distância focal pequena as lentes grande-angulares e distância focal grande as lentes teleobjetivas. Nas câmeras com zoom, a distância focal da objetiva pode ser variada, desde o ajuste grande-angular (W) até o ajuste tele-objetiva (T). O efeito na luminosidade neste caso, para essas lentes, geralmente é muito pequeno, mas ocorre. Cálculos matemáticos permitem associar números a determinadas aberturas do diafragma (ou íris) para que se possa ter noção da quantidade de luz que entra através da objetiva. Assim, é muito conhecida no meio fotográfico a sequência
1.4 /
2 /
2.8 /
4 /
5.6 /
8 /
11 /
16 podendo outros números existirem abaixo e acima dessa escala. Aqui, a cada aumento de número (diz-se "ponto") a quantidade de luz que entra pela objetiva diminui pela metade. Nos segmentos de vídeo consumidor e semi-profissional esses números, chamados f-stops não aparecem, pois o controle sobre os mesmos não é muito preciso (ou é automático ou atua indiretamente através de pequenos servo-motores). Muitas câmeras até chegam a indicá-los em seu visor, para dar uma idéia bem aproximada do que está ocorrendo em termos de exposição. Já no meio profissional, tanto em cinema quanto vídeo, as objetivas tem esse controle feito diretamente na própria lente, através de marcações desses números - ganha-se em precisão nesse caso.
Auto-exposure (controle automático de exposição)
- presente em todas as câmeras de vídeo (ao menos como opção selecionada através de botões ou de um menu), trata-se de um programa que ajusta automaticamente a velocidade do obturador e a abertura do diafragma de acordo com as condições de luz do local para onde a câmera é apontada. Normalmente o controle automático de exposição oferece 3 possibilidades: 1) controlar automaticamente o obturador e o diafragma em função da medição das condições de luz. 2) oferecer ao operador a possibilidade de escolher a abertura: o controle determina então automaticamente qual deve ser a velocidade do obturador para se obter a exposição correta, em função da medição das condições de luz (
aperture priority) 3) oferecer ao operador a possibilidade de escolher velocidade do obturador: o controle determina então automaticamente qual deve ser a abertura para se obter a exposição correta, em função da medição das condições de luz (
shutter priority).
Diafragma (ou íris)
- à semelhança do olho humano, que frente a claridade muito intensa diminui a abertura através da qual entra luz em seu interior (controle efetuado pela pupila), as câmeras também necessitam de um controle semelhante. Isso porque toda imagem formada está forçosamente atrelada à exposição de algo (filme, CCD, CMOS) durante um determinado tempo. Se esse tempo for excedido a imagem ficará muito clara (superexposição), se for inferior ao ideal ficará muito escura (subexposição). Tanto nas câmeras tradicionais como nas digitais, a íris é mecânica: um conjunto de lâminas distribuídas ao redor de uma circunferência - por onde a luz entra - giram em direção ao centro da mesma, controlando assim o tamanho do orifício e por conseguinte a quantidade de luz que atinge o filme ou chip sensível à mesma.
Distância focal
- sistema de medição criado para poder comparar lentes. Se imaginarmos a imagem projetada por uma lupa comum em um pedaço de papel, podemos pensar que raios de luz vindos de todas as direções atingem a superfície da lente. Depois de atravessá-la, se lente for como a lupa, convexa dos dois lados (ou então convexa de um lado e plana do outro) esses raios depois de passarem por dentro do vidro da lente cruzam-se no meio do caminho entre a lente e o papel até formarem a imagem. Esse cruzamento ocorre em diversos locais, mais próximos da lente ou mais longe dela, conforme a inclinação com que os raios chegam até a lente. Para poder comparar lentes, pensou-se então em acertar um detalhe: considerar somente os raios que chegam perpendicularmente à superfície da lente. Eles vão se cruzar em um ponto no meio do caminho entre lente e papel depois de atravessarem-na. A distância desse ponto até a lente é que chama-se distância focal. Se a lente for mais convergente (mais "gorda") esse ponto fica mais próximo da lente, ou seja, ela tem distância focal menor. Ao contrário, se a lente for mais fina, o ponto fica mais distante. Pode-se verificar isso comparando duas lupas, uma mais "potente" do que outra. As imagens também serão formadas em locais diferentes, uma mais próxima, outra mais distante da lente. E é por esse motivo que as objetivas precisam ser focalizadas e que essa tarefa consiste em aproximá-las ou afastá-las do papel ou, no caso das câmeras, do filme ou CCD / CMOS. Lentes grande-angulares possuem distância focal pequena, lentes tele-objetivas possuem distância focal grande. Câmeras fotográficas portáteis do segmento consumidor, com lentes zoom permitem ver isso na prática, quanto, ao acionar o zoom para a posição "T" a objetiva se projeta para fora do corpo da câmera.
Luminosidade
- termo aplicado para as lentes, que podem ser mais ou então menos luminosas e com isso interferir na qualidade da imagem gerada. Quanto mais luz melhor para o registro da imagem, porque, além dos fatores ópticos associados tem-se uma maior possibilidade de variações de escolhas na abertura a ser utilizada. Em termos ópticos sabe-se que lentes de maior diâmetro produzem imagens mais perfeitas: não é outro o motivo das câmeras profissionais utilizarem lentes bem maiores do que as do segmento consumidor. Em termos de variação de abertura, se a imagem produzida com o diafragma totalmente aberto já é um pouco escura, restam menos opções de escolhas de aberturas - escurecê-la ainda mais. Na prática a diferença não é sentida pelo observador, pois este geralmente observa sempre a imagem em um meio compatível com ela - se possui baixa resolução, costuma ser vista em meios da mesma forma. Assim, fotos feitas com celulares e suas minúsculas objetivas aparentam-se muitos boas - se observadas na tela do micro - mas são inaceitáveis para reprodução com a qualidade exibida em uma emissora de TV ou impressão em uma revista por exemplo. Além do diâmetro, outros fatores interferem na luminosidade de uma objetiva: a distância focal (quanto menor, mais luminosa ela é) e o próprio material com que são fabricadas as lentes internas da objetiva (não só sua composição mas também os filtros e tratamentos a que são submetidas as lentes).
Objetiva
- termo genérico que designa sempre um conjunto de lentes; diz-se "distância focal de uma objetiva" na verdade referindo-se à distância focal do conjunto de lentes internas que a compõem.
Obturador
- dispositivo que controla o tempo em que o CCD ou CMOS deve receber uma determinada quantidade de luz. No mundo da fotografia existe um dispositivo similar, no caso, controlando o tempo que a película fotográfica fica exposta à luz. Nos dois casos, a principal função do obturador, além de regular a exposição correta em conjunto com o diafragma, é controlar o efeito de maior ou menor 'congelamento' da imagem em cenas de movimento. Nas câmeras digitais o obturador não é mecânico e sim simulado através do controle da leitura dos pixels no CCD ou CMOS: após a última leitura os valores lidos são apagados e os pixels voltam a acumular energia luminosa formada pela imagem projetada sobre os mesmos. Se esse processo de apagamento por exemplo demora um pouco mais para ocorrer, fica próximo do momento da leitura seguinte. Tem-se aqui então um tempo curto de exposição. Em linhas bem simples, esse é o princípio de seu funcionamento.
Profundidade de campo
- a imagem projetada pela lente sobre o filme ou CCD/CMOS só possui um único ponto de posicionamento da objetiva para o qual ela é perfeitamente nítida. Desta forma a imagem está focalizada. Escolhe-se por exemplo uma das pilastras de uma cerca e a vários metros de distância dela a imagem pode ser focalizada nessa pilastra, tornando-a totalmente nítida. No entanto, o olho humano não consegue distinguir os pontos desfocados que estão um pouco para trás (o capim um pouco para trás da pilastra) ou para frente (idem): para ele, esses locais também estão perfeitamente nítidos. Já um lago situado mais para trás ou um banco situado bem para frente mostram-se ligeiramente desfocados. Essa região nítida aos olhos humanos é a profundidade de campo. Ela pode ser alterada de diversas formas na câmera (variando abertura, distância focal e distância da câmera ao objeto). Assim por exemplo se for possível fechar alguns pontos a íris o lago pode-se mostrar também nítido, tanto quanto a pilastra, embora a rigor somente ela esteja perfeitamente em foco. O controle da profundidade de foco é bastante utilizado em fotografia (estática, cinema e vídeo) para chamar a atenção do expectador sobre determinado assunto na cena.
por Eduardo Baptista
coluna Fique Ligado, revista Zoom Magazine