sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Para Minicom, metas de banda larga do PNBL podem acontecer antes do esperado

O ministro das Comunicações Paulo Bernardo discursou nesta quinta-feira, 30, durante a 56ª edição do Painel Telebrasil. 
 
Para o governo, a prioridade é desenvolver o mercado de consumo de massa de serviços de telecomunicações no Brasil. Especificamente em relação ao setor de telecomunicações, Paulo Bernardo observou que o Brasil ainda é dos poucos mercados mundiais que demandam crescimento em banda larga fixa, o que representa uma oportunidade para as empresas deste setor.
O Ministro afirmou que concorda com a necessidade de previsibilidade nas ações do governo, como pede a Carta de Brasília de 2012, lida pela TELEBRASIL no evento. Mas ressaltou a necessidade de se evoluir na regulação existente. Segundo Paulo Bernardo, instrumentos de regulação e políticas públicas recentemente propostas, como a do edital de 450 MHz, 2,5 MHz ou como será a futura licitação 700MHz, vão propiciar a ampliação da banda larga móvel para todo o Brasil, inclusive para as áreas rurais.
Sobre as políticas de banda larga especificamente, o Ministro salientou a importância de fortalecer as redes de fibras ópticas que poderão ajudar na meta de dar acesso a 90% dos municípios brasileiros a serviços de Internet em alta velocidade. Do mesmo modo, o ministro espera que a nova legislação de TV por assinatura proporcione um aumento de cobertura da banda larga fixa, através da ampliação das redes de cabo.
O Ministro disse que a meta inicial do Ministério era chegar a 2015 com 40 milhões de domicílios cobertos pela banda larga, mas que esta meta poderá ser alcançada já em 2014, o que torna possível se pensar em um novo Plano Nacional de Banda Larga, que busque a universalização efetiva dos serviços. Segundo o Paulo Bernardo, o Ministério já começou a pensar nisso e se colocou aberto a sugestões do setor. 

 
Expansão da banda larga no Brasil depende de alavancas para o investimento 
 
A massificação da banda larga no Brasil vai exigir R$ 167 bilhões em investimentos em infraestrutura até 2020, de acordo com estudo apresentado pela consultoria LCA no 56º Painel Telebrasil. Esses aportes permitiriam à banda larga alcançar 103 acessos para cada grupo de 100 pessoas, em 2020, somando 211 milhões de conexões de internet de alta velocidade.
Para impulsionar esses investimentos, o estudo aponta para a necessidade de ações públicas e privadas alinhadas com o objetivo comum de massificação do uso da banda larga. O foco prioritário dessas políticas seriam as áreas de menor demanda, já que nas regiões onde a penetração é alta, a demanda é atendida por soluções do próprio mercado. O estudo mostra que o governo já tem sinalizado com diversas ações de apoio e incentivo ao setor, como a unificação das legislações municipais para instalação de infraestrutura e as desonerações de equipamentos e serviços.
As alavancas necessárias se concentrariam, então, em aspectos jurídico-regulatórios capazes de garantir ambiente de negócios propício à expansão de investimentos. Nesse contexto, se insere o Marco Civil da Internet que precisa se atentar para a questão da neutralidade de rede; a adoção da Análise de Impacto Regulatório (AIR) pela Anatel; o adequado tratamento à reversibilidade de ativos vinculados às concessões de telefonia fixa e a destinação da faixa de 700 MHz para serviços móveis.
Para as áreas de baixa demanda, são necessárias alavancas adicionais, como a expansão da Banda Larga Popular, com maior adesão dos Estados à desoneração de ICMS; subsídios para acessos residenciais e públicos; e desenvolvimento de parcerias público-privadas com, por exemplo, modalidades de leilão reverso, a partir de recursos públicos, para expansão da infraestrutura.
O estudo também trouxe para valor presente, os investimentos feitos desde a privatização, que somaram R$ 393,6 bilhões, considerando o pagamento pelas outorgas. Observou ainda redução de 50% no preço dos serviços de 2008 e crescimento de 43% na média de uso dos serviços de telefonia celular entre 2006 e 2011. Esta queda tem impacto direto nos indicadores de rentabilidade, como a receita líquida média por usuário no serviço móvel, incluindo voz e dados (ARPU). A combinação entre queda da rentabilidade e elevada carga tributária impõe risco de desaceleração no ritmo de investimentos.
A forte expansão recente do serviço de banda larga no Brasil, que alcançou 78,8 milhões de acessos, foi suportada pelos expressivos investimentos privados. Para que não haja uma reversão nessa trajetória virtuosa é preciso que se supere os entraves jurídicos e regulatórios, de forma a incentivar mais investimentos que, somados aos incentivos à demanda, reduzirão a atual desigualdade regional de acesso e uso de banda larga no Brasil.

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